Para que o treinamento produza aumento da performance é necessário expor o organismo a estímulos maiores do que os realizados normalmente, pois sempre que o estímulo se estabilizar, o organismo também estabilizará sua resposta.
Quando é dado um tempo ideal de recuperação após o treino, os níveis energéticos são restaurados e ampliados. Este fenômeno é denominado de supercompensação. O tempo necessário para a recuperação é proporcional ao nível de treinamento do lutador, ao tipo de estímulo dado e à qualidade da sobrecarga a que se submeteu.
Quando as cargas são aplicadas sem recuperação adequada, após algum tempo pode aparecer a condição de sobretreinamento ou supertreinamento. Além do desequilíbrio entre a carga ministrada (estresse físico) e a recuperação, existem outras fontes de estresse advindas fora da situação de treinamento e competição que podem provocar ou agravar o quadro de supertreinamento e, dentre elas, ressaltam-se os aspectos sociais, educacionais, econômicos e nutricionais.
A condição de supertreinamento pode ser diferenciada de duas formas:
(a) supertreinamento a curto prazo ou overreaching;
(b) supertreinamento a longo prazo ou overtraining.
O overreaching refere-se ao decréscimo de desempenho atlético em um curto período, em que o rendimento pode retornar de poucos dias a três semanas de recuperação. É importante considerar que após este período de recuperação, o lutador pode até apresentar melhoria do desempenho por meio da supercompensação. No entanto, quando o overreaching é muito profundo ou se estende por mais de três semanas, o supertreinamento a curto prazo se converte em supertreinamento a longo prazo, caracterizando o estado de overtraining.
Observamos, atualmente, que grande parte dos atletas que apresentam sinais e sintomas de supertreinamento e que se suspeita que estejam sob estado de overtraining, de fato, está sob estado de overreaching. No quadro adiante podemos observar alguns dos principais sinais e sintomas correlacionados ao estado de overreaching ou supertreinamento a curto prazo.
Os indicadores psicológicos são mais sensíveis e consistentes do que os indicadores fisiológicos na determinação do estado de overtraining. Nesse contexto, os aspectos não relacionados diretamente com o treinamento (Ex: preocupações com a vida pessoal, dificuldades financeiras, etc.) são grandes influenciadores no desenvolvimento desse estado indesejável. Alguns autores afirmam que o estado de overtraining, pode preceder o fenômeno denominado de síndrome de bornout, que se refere ao esgotamento físico, psíquico e social do atleta, ocasionando consequentemente o abandono dele à prática esportiva (dropout).
Finalizamos este artigo ressaltando as três principais medidas para se evitar o estado de overreaching ou overtraining de lutadores:
Pedagógicas – Planejamento e divisão racional do treinamento (adequada Periodização);
Psicológicas – Utilização de Técnicas de relaxamento físico e mental;
Médico-Biológicas – Planejamento ótimo quanto à alimentação e, se necessário, adicionar suplementação e
ou substâncias farmacológicas. Além disso, sono adequado e a utilização de meios complementares de recuperação: massagem, duchas, sauna, etc.
* Leandro Paiva é colaborador especial da TATAME, autor do livro Pronto Pra Guerra, mantém um Blog diário e possui um canal de TV abordando todos os aspectos da preparação de lutadores.
Referência:
Paiva, L. Pronto Pra Guerra: Preparação Física Específica para Luta e Superação. 2ª Edição. Amazonas: OMP Editora, 2010.
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